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Quase metade da população brasileira relata em algum grau o medo de viajar de avião. Esse medo pode ser patológico e é possível tratá-lo com o suporte de profissionais especializados.

Para esclarecer dúvidas sobre o tema, temos hoje a participação das neuropsicólogas Fernanda Pamplona e Paola Casalecchi, especializadas no tratamento desta ansiedade fóbica. Abaixo, estão o texto das neuropsicólogas e o vídeo com a entrevista que Fernanda nos concedeu.

Aniversário do maior acidente aéreo no Brasil pode disparar gatilho em pessoas com medo de voar

(por Fernanda Pamplona e Paola Casalecchi)

O próximo dia 17 de julho marca exatos dez anos do que é considerado o maior desastre aéreo no Brasil. Trata-se do trágico acidente da TAM em São Paulo, quando a aeronave do voo JJ 3054 não conseguiu pousar na pista principal do aeroporto de Congonhas e acabou colidindo com um prédio na Avenida Rubem Berta. Todas as pessoas que estavam no avião morreram, além de funcionários da companhia que estavam em solo.

Saber sobre um acidente fortalece a fobia

A data não só marca uma década do acidente, como também pode ser um gatilho para quem tem fobia de voar. Notícias sobre acidentes aéreos, fatais ou não, dispararam o gatilho do medo, levando quem tem esta fobia a se sentir mais ansioso. É como se essa pessoa tivesse uma confirmação de suas expectativas geradas pelo medo de voar.

A origem do medo

O medo de voar é chamado de aerofobia e se caracteriza por ser um medo intenso, irracional e contínuo de viajar em aviões. A aerofobia pode ser muito debilitante, a ponto de fazer a pessoa perder compromissos e até mesmo limitar a vida pessoal e profissional. É por isso que as pessoas nessa situação devem procurar ajuda de um profissional especializado.

Um número muito pequeno de pessoas que busca o tratamento tem histórico de situações emergenciais ou de acidentes em aviões. A fobia de voar está mais relacionada à ansiedade, tanto que está classificada dentro dos Transtornos de Ansiedade. Assim como a ansiedade em geral, os sintomas se manifestam de maneira física e psicológica e variam em relação à intensidade. Os sintomas físicos incluem tremores, suor intenso, aumento da frequência cardíaca, dificuldade para respirar, náuseas e vômitos. Já do ponto de vista psicológico, há uma interpretação de perigo iminente e pensamentos relacionados a possíveis catástrofes. Um ponto importante é que dentro do avião a pessoa perde o controle da situação e pode se sentir mais vulnerável, o que gera ansiedade.

Chance de morrer em queda de avião é mínima

A chance de morrer em um avião é 1 em 11 milhões. Isso torna o transporte por aeronave muito mais seguro do que andar de carro ou ônibus, por exemplo, já que as chances de morte nesses casos são de 1 em 5 mil. Porém, o medo de voar não se resolve com as informações ou probabilidades de um avião cair. Embora importantes, não tratam o quadro de alguém que sofre de aerofobia, pois o fenômeno está geralmente associado a acontecimentos passados, em que a pessoa experimentou uma situação de grande medo e estresse. Locais, situações e sensações podem remeter a esses eventos passados e assim disparar o gatilho do medo, ativando mecanismos de alerta, que indicam que o episódio traumático está para acontecer novamente, o que gera grande desconforto e até desespero.

É possível vencer o medo?

Hoje, há tratamentos específicos para quem tem medo de voar. O tratamento é feito por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, psiquiatras e profissionais de aviação. São utilizados diversos recursos, como psicoeducação, realidade virtual, Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), técnicas para controle da ansiedade, simulação de voo e até voo terapêutico, quando o paciente opta por essa modalidade. A taxa de sucesso terapêutico é alta, ou seja, quando o tratamento é seguido corretamente, a chance de superar o medo é bem grande.

Clique aqui para assistir o vídeo.

Fernanda Pamplona de Queiroz e Paola Casalecchi são psicólogas especializadas em neuropsicologia, habilitadas para o tratamento do medo de voar pela Voar Sem Medo (Lisboa) e diretoras da clínica Voe Psicologia (São Paulo).

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